[Literatura] 20 Grandes Livros para Aprender a Gostar de Ler
- Equipe Memento Cine
- 3 de mai. de 2018
- 17 min de leitura
Atualizado: 22 de set. de 2018

O Dia do Livro foi em 23 de abril, e em homenagem à data lançamos essa pequena lista com clássicos da literatura infanto-juvenil que ajudam qualquer pequeno leitor a se apaixonar perdidamente pela leitura. A infância é a época em que os nós de quem somos são atados e em que absorvemos o conhecimento, construindo nossos gostos e nossa personalidade, é um universo infinito de possibilidades em que os dias demoram para passar, então, é aqui que devemos aprender a gostar de ler, para podermos guardar um pouquinho dessa época sempre dentro da gente. A literatura infanto-juvenil é um universo de criatividade, beleza e aventura; o escritor de obras para crianças deve ser o mais completo, deve causar alegria, emoção, encantamento e, principalmente, criar uma história tão fantástica que seja capaz de prender a atenção de qualquer leitor, os gênios que foram bem-sucedidos ao percorrer esse caminho tão lindo, estão para sempre imortalizados nas nossas memórias.
01. Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 1865), de Lewis Carroll.

O inglês Charles Lutwidge Dodgson – nome verdadeiro de Lewis Carroll – era escritor, poeta, desenhista, fotógrafo, matemático e reverendo anglicano, figura vanguardista e revolucionária para o mundo da arte e da literatura e, também, tão polêmico e misterioso quanto. O livro Alice no País das Maravilhas foi lançado em 1865, baseado em histórias que criava para entreter a pequena amiga Alice Liddell e suas irmãs, e tornou-se rapidamente um clássico, usando de símbolos surrealistas e narrativa nonsense para mostrar as aventuras da pequena Alice, que segue o atrasado coelho branco para dentro de um mundo fantástico e perigoso. São vários personagens inesquecíveis, como o Chapeleiro Louco, a Lagarta Azul, a Lebre de Março, o Gato de Cheshire e a Rainha de Copas, entre outros, que povoam desventuras inesperadas, engraçadas e inacreditáveis. O livro tem uma continuação também fantástica, chamada Alice Através do Espelho, além de ter sido adaptado diversas vezes para o cinema, sendo a mais famosa a versão em animação dos estúdios Disney.
02. As Aventuras de Tom Sawyer (The Adventures of Tom Sawyer, 1876), de Mark Twain.

O grande escritor americano Mark Twain foi um dos primeiros autores modernos da literatura do país, além de talvez ser o primeiro americano verdadeiramente relevante para a história da ficção mundial. Twain se inspirava em sua cidade natal Hannibal, no estado de Missouri, para criar seus romances, aventuras sobre garotos à beira do rio Mississipi; a primeira dessas grandes histórias foi As Aventuras de Tom Sawyer, sobre o garoto Tom, que vive com seu meio-irmão Sid e sua tia Polly, mas passa a maior parte de seus dias fugindo da escola para se divertir. Tom Sawyer e seu melhor amigo, o “vagabundo” da cidade Huckleberry Finn, presenciam um assassinato e isso desencadeia os diversos caminhos que a história leva, incluindo a famosa cena em que Sawyer e Finn presenciam seu próprio funeral. Uma continuação do livro sairia em 1884, o fantástico As Aventuras de Huckleberry Finn, conhecido por muitos críticos como ‘o grande romance americano’, uma obra-prima incontestável, presente em todas as listas de melhores livros; mais dois livros seriam lançados: As Viagens de Tom Sawyer e Tom Sawyer, Detetive, dando continuidade as aventuras da dubla de garotos mais aventureira da literatura. Apesar de não ter sido escrito exatamente para o público infanto-juvenil, a série se tornou uma favorita desse público; Twain criou personagens que jamais morrerão.
03. A Ilha do Tesouro (Treasure Island, 1883), de Robert Louis Stevenson.

Robert Louis Stevenson é famoso por suas obras góticas, como seus poemas melancólicos e histórias de terror, como o brilhante O Médico e o Monstro, mas esse clássico de aventura sobre piratas chamado A Ilha do Tesouro se transformou em um clássico infanto-juvenil adorado por muitos através dos tempos. A história é contada pelo protagonista Jim Hawkins, um jovem adolescente que vai ao mar em busca de um tesouro escondido ao lado do sério Capitão Alexander Smollett, do sábio Dr. David Livesey e do misterioso Long John Silver, o mais inesquecível pirata da história da literatura. O livro é o conto do amadurecimento de Jim, mostrando a influência que os personagens ao seu redor causam em sua vida durante a perigosa viagem à ilha tropical onde se encontra o tão desejado tesouro; é uma aventura impactante, que faz o leitor devorar o livro o mais rápido possível, a fim de descobrir o próximo passo nessa história tão carismática em uma época tão instigante da história: a era dos piratas.
04. O Mágico de Oz (The Wonderful Wizard of Oz, 1900), de L. Frank Baum.

O Mágico de Oz hoje é mais lembrado por sua versão cinematográfica de 1939, dirigida por Victor Fleming e protagonizada por Judy Garland, porém o livro de L. Frank Baum já era um clássico desde 1900 quando foi publicado. Baum – um prolífero escritor de fantasia – é hoje conhecido por ter antecipado em suas obras diversos temas que seriam muito relevantes no futuro, além de criações que fariam parte do nosso dia a dia (como televisão, computadores portáteis e telefones sem fio), mas mais do que isso, o autor é célebre por ter lançado 14 livros sobre o universo fantástico de Oz, e seus tantos personagens encantadores: Dorothy, Totó, Espantalho, Homem de Lata, Leão Covarde, o Mágico, Glinda, etc. O primeiro livro da série é incrível ao retratar o choque de culturas quando a pequena Dorothy, natural do estado americano do Kansas, chega no abismante, belo, misterioso e perigoso mundo de Oz; é uma aventura de autoconhecimento, onde as fraquezas dos personagens se tornam seus maiores trunfos e o bem e o mal muitas vezes se confundem.
05. A História de Pedro Coelho (The Tale of Peter Rabbit, 1901), de Beatrix Potter.

Beatrix Potter foi uma das mais importantes escritoras de literatura infantil, suas histórias cotidianas sobre a vida de animais influenciariam muito as histórias para crianças que viriam, e podemos notar suas inspirações nos trabalhos de Kenneth Grahame, A.A. Milne e Lygia Bojunga, dentre tantos outros. Em meio a tantos animais adoráveis e carismáticos que criou, foi o jovem Pedro Coelho – um coelhinho sapeca que foge do fazendeiro malvado em sua plantação – que conquistou uma legião de fãs e fez da escritora um sucesso. Beatrix Potter cresceu isolada de outras crianças, mas rodeada de muitos animais de estimação, além de passar muito tempo em fazendas na Escócia, onde cresceu apaixonada pelo ambiente bucólico que viria a povoar seus livros com delicadeza e encantamento; era também excelente ilustradora, e adorava ciências naturais em todas as suas formas, chegando a trabalhar ilustrando plantas e fungos e se especializando em micologia. A História de Pedro Coelho foi seu primeiro conto publicado, e está para sempre imortalizado no imaginário infantil.
06. Os Meninos da Rua Paulo (A Pál utcai fiúk/ The Paul Street Boys, 1906), de Ferenc Molnár.

A mais conhecida obra da literatura húngara é essa história infanto-juvenil sobre meninos que brincam de exército em fortes montados em terrenos baldios, criações da mente de Ferenc Molnár, que se tornou célebre por todo o mundo. Uma das primeiras obras a mergulhar fundo no universo da adolescência e nos problemas diários dos jovens estudantes, Os Meninos da Rua Paulo relata situações de bullying, rivalidade, amizade, problemas escolares e aventuranças juvenis, divertindo, cativando e emocionando o leitor. Molnár, talvez o mais importante dramaturgo de seu país, alcançou com esse pequeno livro uma popularidade internacional que nenhuma de suas peças jamais teria, e, apesar de ser um brilhante autor para os palcos, trouxe tamanha força e sentimento para sua obra infantil que poderia não ter escrito mais nada e ainda estaria imortalizado na história da literatura. É apaixonante acompanhar os personagens inesquecíveis do livro de Molnár, como: Boka, Nemecsek, Geréb, Csónakos, Csele, dentre outros, enquanto defendem seu território do aterrorizante grupo dos Camisas Vermelhas, liderados pelo mítico Feri Áts. Uma obra que marca para toda vida.
07. Anne de Green Gables (Anne of Green Gables, 1908), de L.M. Montgomery.

Um dos mais adorados livros infantis da história da literatura, Anne de Green Gables conta a história da pequena órfã Anne Shirley que é adotada por engano pelo casal de irmãos Cuthbert, que esperava adotar um menino. A canadense Lucy Maude Montgomery se inspirou em uma ideia que teve quando pequena e também em sua própria infância em fazendas no Canadá para construir as aventuras da pequena Anne, que com seu cabelo vermelho, pele muito branca, mente criativa e personalidade idealista, conquista os irmãos Cuthbert e traz vida nova para a fazenda de Green Gables e para a cidade de Avonlea. Montgomery alcança sucesso em sua narrativa ao dar protagonismo para uma personagem feminina e explorar com delicadeza a infância feminina, suas características, a vida escolar e a amizade entre meninas; a vida da pequena Anne é encantadora de se acompanhar. O livro deu origem à oito sequências, muitos filmes e séries, todos de enorme popularidade, provando o enorme valor da obra de L.M. Montgomery, que continua atual ao ainda cativar tantos leitores.
08. O Vento nos Salgueiros (The Wind in the Willows, 1908), de Kenneth Grahame.

Kenneth Grahame criou essa adorável história sobre quatro animais antropomórficos quando se aposentou de seu emprego no Banco da Inglaterra e voltou a morar em Berkshire, onde nasceu. O escritor transformou as histórias de ninar que contava para seu filho em uma narrativa bucólica sobre os senhores Toupeira, Rato, Sapo e Texugo, seu cotidiano e a aventura em que se unem para procurar o filho desaparecido do amigo Lontra. O Vento nos Salgueiros foi um grande sucesso e virou peça pelas mãos de A.A. Milne, além de ter sido referenciado em músicas do grupo Pink Floyd (um dos capítulos do livro deu nome ao álbum The Piper at the Gates of Dawn). Admirado por muitos autores, a obra de Grahame foi elogiada pelo então presidente Theodore Roosevelt, que disse sentir que os personagens do livro eram como velhos amigos. Dezenas de versões para teatro, cinema, TV, rádio e animação foram feitas, além de livros de diversos escritores que buscam resgatar os personagens e dar continuidade para suas histórias, dentre as mais especiais estão as do escritor William Horwood, porém nenhuma alcança a poesia perfeita da obra original.
09. O Jardim Secreto (The Secret Garden, 1911), de Frances Hodgson Burnett.

O Jardim Secreto é um clássico poético sobre a infância e o amadurecimento, que mostra como a imaginação e o encantamento infantil podem dar tons mágicos para o mais comum dos lugares, como o jardim citado no título. Frances Hodgson Burnett criou a agressiva e irritadiça Mary Lennox, uma menina britânica nascida na Índia que perde os pais em uma epidemia de cólera, acabando por ir morar na mansão de um tio que nunca havia conhecido, lá Mary fica amiga de Dickon – irmão de uma das criadas – e descobre seu adoentado primo Colin, e juntos exploram o jardim secreto de sua falecida tia, que com sua beleza passa a curar as feridas reais e psicológicas que eles carregam. O livro de Burnett – várias vezes adaptado para cinema e TV, a melhor lançada em 1993, pela cineasta Agnieszka Holland – trabalha o poder da natureza em nossas vidas, e como o amor e a atenção ajudam a nos curar, como um jardineiro que cuida de uma flor que morre por falta d’água; é uma obra de extrema delicadeza e sensibilidade, onde qualquer um de nós leitores pode se identificar e se emocionar, pois carrega um sentimento comum a todos: a esperança.
10. Peter Pan (Peter and Wendy, 1911), de J.M. Barrie.

“Todas as crianças crescem, menos uma”, é com essa frase mítica que se inicia a mais bela ode à infância já escrita, onde um menino que não envelhece e três irmãos lutam com um perigoso pirata, em uma terra de fadas, sereias e animais mágicos. Peter Pan foi lançado pela primeira vez em forma de peça em 1904, J.M. Barrie escreveu essa inesquecível história inspirado pelos cinco irmãos Llewelyn Davis, amigos e filhos adotivos de Barrie após a morte de seus pais; em 1911 o autor transformou a história em prosa, lançando o que seria talvez o mais inesquecível livro infantil. Wendy, John e Michael Darling são três irmãos encantados pela história de Peter Pan, o menino que não cresce, e uma noite, são surpreendidos pelo mesmo e sua fada Sininho, em seu quarto, a partir daí conhecemos a Terra do Nunca, o Capitão Gancho e seus piratas, a princesa índia Tigrinha e os fantásticos Meninos Perdidos. A aventura fantástica de Barrie funciona como uma mistura lúdica e onírica da imaginação de uma criança e traz para o leitor uma nostalgia incontrolável, povoada pelos mais diversos elementos da fantasia e pela poesia delicada propagada pelos diálogos dos personagens. Lido por crianças é capaz de iluminar sua imaginação e por adultos, resgata a pureza da infância que ainda vive dentro de nós.
11. Winnie Puff (Winnie-the-Pooh, 1926), de A.A. Milne.

Christopher Robin Milne – filho do autor A.A. Milne – e seus bichinhos de pelúcia serviram de inspiração para que seu pai criasse um dos mais queridos universos infantis da literatura. Winnie Puff, apresenta ao mundo com poesia e prosa delicada os fantásticos personagens que povoariam filmes, animações e uma enorme quantidade de livros: o doce menino Christopher Robin, e os bichinhos de pelúcia Puff, Leitão, Bisonho, Can e Guru (o popular Tigrão só apareceria na sequência), além do coelho Abel e do Corujão, animais vivos, criados originalmente para o livro. Nesse volume Christopher e Puff nos são apresentados, descobrimos a paixão do ursinho por mel, sua amizade com Leitão e Bisonho, além da chegada de Can e de Guru a floresta; pequenas historinhas com pequenos acontecimentos, onde grandes ensinamentos são apresentados aos leitores de todas as idades. O texto de Milne é de beleza ímpar, vinda de sua extensa carreira de poeta, e acompanhado pelas ilustrações suaves de E.H. Shepard, constroem um caminho perfeito para a imaginação infantil fluir e mergulhar nas pequenas aventuras que tanto podem acontecer em um lugar distante e novo, quanto dentro de sua própria casa, a história de um menino e seus brinquedos.
12. Reinações de Narizinho (1931), de Monteiro Lobato.

Apesar de a edição completa como conhecemos tenha sido apenas a quinta publicada por Monteiro Lobado, Reinações de Narizinho é a história que introduz toda a série do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Aqui somos apresentados a curiosa Narizinho, seu valente primo Pedrinho, a sábia avó Dona Benta, a amável cozinheira Tia Nastácia e os brinquedos que tomam vida, Emília – uma boneca de pano espevitada – e o intelectual boneco de sabugo de milho Visconde de Sabugosa; além de outros vários encantadores personagens que povoariam os 23 volumes que o escritor paulista criaria para o público infantil. A narrativa mistura histórias originais de aventuras dos personagens do sítio, com clássicos contos de fadas recontados através dos personagens do livro; a série é uma obra monumental de grande criatividade, que carrega referencias e inspirações do folclore brasileiro, da literatura infantil clássica e da mitologia grega, um universo que ensina e enche o leitor de cultura e conhecimento, essencial para o crescimento intelectual infantil. Lobato, um pré-modernista, é membro de uma era da literatura brasileira de grandes autores, uma fase de grande inventividade e originalidade, mas ainda com a estrutura e a grandeza dos grandes clássicos do passado, o autor – considerado extremamente polêmico nos dias atuais – jamais deixara de ter sua marca da nossa história, o nosso maior autor infanto-juvenil.
13. O Hobbit (The Hobbit, 1937), de J.R.R. Tolkien.

Apesar de não ser diretamente escrito para o público infanto-juvenil, O Hobbit se tornou um favorito desse público, uma obra que abre as portas para que o pequeno leitor cresça para poder ler a monumental sequência: O Senhor dos Anéis em suas milhares de páginas. Trazendo a aventura fantástica de Bilbo Bolseiro, o pequeno hobbit que se junta ao mago Gandalf e aos treze anões liderados pelo orgulhoso Thorin, que viajam para Erebor, seu antigo reino sob a montanha, agora dominado pelo maligno dragão Smaug, que descansa sobre o grande tesouro. J.R.R. Tolkien – escritor, poeta, professor e filologista – criou Arda, um mundo em sua forma completa, e o continente da Terra Média, com diversas raças, faunas, territórios e línguas (a especialidade do autor), e lá, trouxe ao mundo tantos personagens que hoje figuram como os mais queridos da literatura, nesse texto aparecem pela primeira vez o rei elfo Elrond de Rivendell, o misterioso e atormentado Gollum, e o mítico Gandalf, o Cinzento; além de mostrar os grandes momentos do humano Bard, e do rei Thranduil e seus elfos guerreiros da floresta. O ápice da narrativa acontece na épica “batalha dos cinco exércitos”, um dos confrontos mais emocionantes da ficção.
14. O Pequeno Príncipe (Le Petit Prince/ The Little Prince, 1943), de Antoine de Saint-Exupéry.

Pioneiro aviador, jornalista e aristocrata, Antoine de Saint-Exupéry escrevia por hobby; suas narrativas comumente envolviam a temática da aviação, sendo muito inspiradas em sua própria vida, porém entremeada por questões poéticas e filosóficas, dentre seus livros mais conhecidos estão o livro de memórias Terra dos Homens, e as histórias de aviação Correio Sul e Voo Noturno, porém foi quando lançou o delicado livro O Pequeno Príncipe, que Saint-Exupéry se tornou um nome célebre na literatura mundial. Na história conhecemos o narrador, um aviador que cai com seu avião no meio do Deserto do Sahara, lá encontra um pequeno menino loiro que usa um belo cachecol e ele lhe conta sobre suas aventuras, sua vida em seu minúsculo planeta natal cuidando de pequenos vulcões e uma bela rosa, além de suas visitas à alguns outros planetas, onde aprende sobre a vida, a humanidade, as belezas e os temores de viver; é uma aula sobre o carinho, a ternura e o amadurecimento, o Príncipe é um símbolo de nós mesmos e de toda a sociedade, e o livro – ilustrado lindamente pelo próprio escritor – é um poema encantador essencial para o crescimento pessoal de qualquer leitor.
15. Pippi Meialonga (Pippi Långstrump/ Pippi Longstocking, 1945), de Astrid Lindgren.

Astrid Lindgren começou a escrever as histórias que viriam a se tornar a série de livros Pippi Meialonga para sua filha de sete anos de idade, quando ela estava de cama, doente com pneumonia. Pippi é uma menina que perdeu a mãe quando era bebê e que o pai abandonou por uma vida no mar, porém a garotinha ruiva de marias-chiquinhas é dona de superpoderes, é extremamente forte dentre outras coisas; junto com seu cavalo sem nome e seu macaco Sr. Nilsson, Pippi se muda para o casarão conhecido como Villa Villekulla em uma pequena vila, e lá fica amiga dos irmãos Annika e Tommy, que se divertem com a personalidade expansiva e o pouco conhecimento da menina. O livro de Lindgren – junto as suas sequências – são divertidas narrativas sobre a infância e suas fantasias, além de quebrar paradigmas sexistas ao colocar no papel de protagonista uma menina forte, longe de qualquer característica tida como feminina e, muitas vezes, considerada por pessoas conservadoras ao seu redor como “rude” e “mal-educada”, pessoas essas que Pippi acabava por conquistar ao demonstrar seus bons sentimentos, sua amizade verdadeira e a proteção que dava aos seus amigos. Astrid Lindgren já vendeu mais 165 milhões de livros em todo o mundo, sua centena de livros foi traduzida para 95 línguas (é a 18ª autora mais traduzida da história), além de também ter sido roteirista de vários filmes e séries, um dos grandes nomes da história da literatura infanto-juvenil.
16. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (The Lion, the Witch and the Wardrobe, 1950), de C.S. Lewis.

O acadêmico e teólogo C.S. Lewis iniciou suas fantásticas Crônicas de Nárnia, com o apaixonante O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, clássico indispensável da literatura infanto-juvenil. Peter, Susan, Edmund e Lucy são mandados pelos seus pais para longe de Londres durante a II Guerra Mundial e vão morar com um velho professor no interior do país; lá eles lutam para se adaptar, e durante uma brincadeira de esconde-esconde entram em um guarda-roupa mágico que os transportam para o mágico mundo de Nárnia, onde conhecem o poderoso leão Aslan, que retornou depois de muitos anos para recuperar a terra mágica das mãos da maligna Feiticeira Branca, que reina com terror sobre todas as criaturas mágicas. Altamente filosófico, o texto de Lewis é muito influenciado por seus estudos teológicos, e diversos acontecimentos em sua obra servem como símbolos de histórias bíblicas e seus valores, porém a obra em nenhum momento se mostra uma propaganda religiosa, pois é delicada e poética em cada linha da narrativa. Povoado por personagens cativantes – como o fauno Tumnus, o Sr. e a Sra. Castor e o perigoso lobo Maugrim – o livro de C.S. Lewis é um marco que influenciou toda uma geração e continua a angariar fãs pelo mundo, principalmente ao ser trazido novamente à tona com as adaptações cinematográficas. Uma forma encantadora de iniciar um pequeno leitor no fantástico universo da fantasia.
17. A Teia de Charlotte (Charlotte’s Web, 1952), de E.B. White.

Uma das mais emocionantes histórias sobre amizade já escritas, A Teia de Charlotte é uma obra-prima infanto-juvenil escrita pelo autor E.B. White. A delicada história fala do pequeno porco Wilbur – adotado por uma menininha chamada Fern – que cria uma forte amizade com uma esperta aranha chamada Charlotte, que vive em seu celeiro; ao descobrir que o fazendeiro pretende matar o porquinho quando ele crescer, Charlotte passa a escrever mensagens em suas teias que impressionam os humanos, fazendo-os crer que o porco é, de alguma forma, especial. O livro de White trabalha de forma inspiradora a questão do verdadeiro amor fraternal, o encontro de duas pessoas que se enxergam de verdade, olhando para além dos preconceitos e aparências, como Charlotte vê a adorável pureza de Wilbur (enquanto os outros animais do celeiro o consideram bobo e imaturo), e Wilbur vê a valorosa lealdade de Charlotte (por trás de sua aparência assustadora de aracnídeo). O que está além de nossas aparências seria um dos temas mais presentes nas obras de E.B. White, o escritor demonstrara isso anteriormente em sua primeira obra infantil, Stuart Little, onde um menino nasce com apenas dez centímetros e a aparência de um ratinho, porém demonstra ser mais humano que a maioria de nós. A Teia de Charlotte é um estudo sensível sobre a inocência e o amadurecimento, a alegria de viver e a compreensão da morte, e principalmente, sobre o sentimento imutável que é a verdadeira amizade.
18. Uma Dobra no Tempo (A Wrinkle in Time, 1962), de Madeleine L’Engle.

Ao ser lançado, Uma Dobra no Tempo foi revolucionário ao colocar uma protagonista feminina em uma verdadeira aventura de ficção científica. Meg Murry é a forte e incompreendida filha de dois brilhantes cientistas, irmã mais velha dos gêmeos Sandy e Dennys – os únicos membros da família considerados normais – e do pequeno Charles Wallace, que com cinco anos de idade é brilhante e se comunica como um adulto, além de ter capacidades empáticas e telepáticas; Alex Murry, pai de Meg, desapareceu há algum tempo levando Meg e Charles Wallace, ao lado de um novo amigo chamado Calvin O’Keefe, para uma aventura pelo tempo e espaço com o auxílio de três seres – algo entre bruxas e anjos – em forma de velhas senhoras: as senhoras Quequeé, Quem e Qual, extremamente sábias e poderosas, que os ensinam sobre o cosmos e a vida em proporções universais. Madeleine L’Engle tinha dois fortes elementos em sua vida: o interesse por ciências e a fé cristã, e seu livro, com suas quatro continuações, são belos exemplos do grande talento da autora em misturá-los em um universo cativante e divertido, porém carregando um teor teológico digno de um pupilo de C.S. Lewis. A obra é mágica e transcendental, passeando pela astrofísica como uma brincadeira.
19. A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory, 1964), de Roald Dahl.

Um autor que trouxe ao mundo James e o Pêssego Gigante, Matilda, As Bruxas, O Fantástico Sr. Raposo e O BGA pode ser considerado o mais prolífero escritor infanto-juvenil de todos os tempos. A Fantástica Fábrica de Chocolate, seu mais célebre livro, é uma das mais inesquecíveis e criativas narrativas para crianças, usando da imaginação para construir a fantasia em um universo cotidiano; um recluso e excêntrico fabricante de chocolate chamado Willy Wonka, que há muitos anos não dava sinal de vida, anuncia um concurso que levará um pequeno grupo de crianças para uma visita na sua misteriosa fábrica. Charlie, um menino de onze anos extremamente pobre, acaba por ser um dos sortudos que encontra o ticket dourado que permite essa visita e lá dentro descobre um universo surreal de delícias e estranhezas, Wonka é brilhante e espetacular e seus Oompa-Loompas são tão incomuns quanto fantásticos. Dahl sempre dava voz para um narrador infantil em suas obras, utilizando adultos como figuras antagonistas, onde poucos demonstravam ser bondosos e dignos de confiança; o autor teria se inspirado nas situações abusivas pelas quais passou na infância em colégios internos para criar suas histórias, que são capazes de fazer um adulto relembrar em detalhes como é ser criança. Roald Dahl uma vez disse: “Aqueles que não acreditam em mágica nunca vão encontrá-la”, e é o grande ensinamento que eles nos entrega.
20. Os Colegas (1972), de Lygia Bojunga.

Tida como a sucessora de Monteiro Lobato, Lygia Bojunga estreou na literatura com o já clássico Os Colegas, que lhe deu o mais importante prêmio literário do Brasil: o Prêmio Jabuti. Seu livro – na melhor escola de Beatrix Potter e Kenneth Grahame – fala sobre um pequeno grupo de animais que juntos descobrem a amizade e aventuras, e eles são o coelho Cara-de-Pau, o urso Voz de Cristal e a dupla de cachorros Virinha e Latinha, que permeiam uma história de liberdade, ação e descoberta. Bojunga é uma escritora de linguagem moderna e exata, que captura o leitor seja ele criança ou adulto e o carrega através do livro de forma apaixonada, onde acompanhamos uma análise social da vida humana contemporânea pelos olhos de personagens animais, símbolos das mais diversas formas de ser humano. O livro é uma aula de tolerância, compreensão e compaixão, e nos traz valores certeiros, esmiuçando os detalhes do que é ser um verdadeiro amigo, unidos pelo que temos em comum e não separados pelo que temos de diferente. A escritora é autora de diversos sucessos inesquecíveis da literatura infantil nacional, entre suas obras mais encantadoras estão A Bolsa Amarela, A Casa da Madrinha, Corda Bamba, Angélica e O Abraço, pelos quais ganhou o Prêmio Hans Christian Andersen, além de ter sido traduzida para 13 línguas pelo mundo. Autora merecedora da leitura de sua bibliografia completa.
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