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[Cinema] 20 Grandes Filmes Dirigidos por Mulheres

  • Foto do escritor: Equipe Memento Cine
    Equipe Memento Cine
  • 10 de mar. de 2018
  • 10 min de leitura

Atualizado: 22 de set. de 2018


Kathryn Bigelow

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher - dia 8 de Março - reunimos algumas obras cinematográficas fantásticas e indispensáveis para a história do cinema, dirigidas por mulheres, para empoderar e colocar em evidência o trabalho artístico brilhante de tantas artistas que ainda não têm o espaço e o reconhecimento necessários. A lista abaixo é composta de grandes filmes que são especiais exatamente pelo talento das cineastas que os produziram.

01. Triunfo da Vontade (Triumph des Willens/ Triumph of the Will, 1935), de Leni Riefenstahl.

A atriz e diretora alemã Leni Riefenstahl foi responsável por alguns dos documentários mais brilhantes da história do cinema, infelizmente seus impressionantes filmes foram produzidos como propagandas do regime nazista. Triunfo da Vontade, talvez o mais famoso, retrata o 6º. Congresso do Partido Nazista, na cidade de Nuremberg, em 1934; Riefenstahl era uma diretora de enorme capacidade, filmava com múltiplas câmeras, orquestrando a produção a fim de dar ainda mais grandiosidade ao evento retratado, sendo extremamente bem-sucedida em seus objetivos e tornando-se referência cinematográfica até para grandes blockbusters hollywoodianos, como Guerra nas Estrelas, de George Lucas.


02. Tramas do Entardecer (Meshes of the Afternoon, 1943), de Maya Deren e Alexander Hammid.

Maya Deren nasceu Eleonora Derenkowska, em Kiev, atual capital da Ucrânia, mas ainda criança mudou-se com a família para Nova York; foi coreógrafa, dançarina, fotógrafa, escritora, poeta, teórica e o mais importante nome do cinema experimental avant-garde. Tramas do Entardecer foi seu primeiro filme, feito em parceria com seu então marido Alexander Hammid, e não possui uma narrativa tradicional, com personagens interpretados pelos próprios diretores, seguimos uma estrutura surrealista próxima a de um sonho, com repetições circulares e acontecimentos inesperados. O mais onírico dos filmes, desde Um Cão Andaluz, de Luis Buñuel.


03. Cléo das 5 às 7 (Cleo de 5 a 7, 1962), de Agnès Varda.

Obra essencial da Nouvelle Vague Francesa, Cléo das 5 às 7 é o filme mais famoso de Agnès Varda. Cleo (Corinne Marchand) é uma jovem cantora que acompanhamos enquanto espera duas horas necessárias para pegar resultados de exames que podem confirmar se ela tem câncer. Impressionante e, ao mesmo tempo, casual, o filme trabalha profundamente temas existencialistas, como mortalidade e desespero, e carrega também um forte tom feminista oriundo da obra de escritoras como Simone de Beauvoir. Varda é exata ao construir sua narrativa significativa tão perfeitamente encaixada no subtexto de uma história cotidiana cheia de casualidades, personagens diversos que fazem ou não parte da vida de Cleo, mas que naquele momento passam pelo seu dia. Um dos mais importantes filmes já feitos.


04. O Porteiro da Noite (Il portiere di notte/ The Night Porter, 1974), de Liliana Cavani.

Uma mulher – sobrevivente dos campos de concentração nazista – que sofria abusos e torturas na mão de um guarda da SS, por acaso, encontra esse mesmo homem, agora trabalhando de porteiro noturno em um hotel, e o doentio envolvimento dos personagens recomeça; essa é a polêmica premissa de O Porteiro da Noite. Liliana Cavani é da mesma leva de cineastas setentistas que Bernardo Bertolucci e Pier Paolo Pasolini, e é uma das mais ousadas e políticas vozes de seu tempo dentro do universo cinematográfico. Muitas vezes associado ao subgênero Nazisploitation (filmes apelativos que envolvem figuras nazistas em situações eróticas e violentas), porém, a obra de Cavani é bem mais do que isso: é um profundo estudo da psicologia humana e dos reflexos diversos causados pelo horror do holocausto.


05. India Song (Idem, 1975), de Marguerite Duras.

Marguerite Duras foi uma grande escritora, famosa autora do brilhante romance “O Amante”, que após escrever o roteiro do clássico Hiroshima, Mon Amour, de Alain Resnais, e ser indicada ao Oscar, mergulhou de cabeça no cinema experimental, tornando-se um dos maiores nomes femininos da sétima arte. India Song talvez seja seu melhor filme, contando a história da esposa de um embaixador na Índia, que cansada do ambiente opressor em que vive, passa a dormir com diversos homens. A obra de Duras não foi bem recebida pela crítica na época, mas alcançou status cult e é hoje considerado uma grande obra, e talvez um dos mais corajosos retratos da sexualidade feminina na ficção.


06. Jeanne Dielman (Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles, 1975), de Chantal Akerman.

Jeanne é uma mãe solteira que acompanhamos em sua rotina diária de maternidade, limpeza e cozinha, mas que para sustentar sua família se prostitui, recebendo alguns homens por dia em casa, porém um acontecimento banal fora da rotina desencadeia acontecimentos que culminam em desastre. Jeanne Dielman foi aclamado como uma das primeiras obras-primas do olhar feminino do cinema, sua construção cotidiana e casual – mesmo ao retratar temas polêmicos como prostituição – nos carrega pelo filme, e os rumos que a narrativa toma não podiam ser mais inesperados. Um clássico cult e uma obra altamente teórica, a brilhante cineasta belga Chantal Akerman trabalha sempre inspirada na filosofia de Gilles Deleuze e no pensamento feminista.


07. Pasqualino Sete Belezas (Pasqualino Settebellezze/ Seven Beauties, 1975), de Lina Wertmüller.

Até os dias atuais apenas cinco mulheres foram agraciadas com indicações ao Oscar de Melhor Direção (com apenas uma vencendo: Katheryn Bigelow), Lina Wertmüller foi a primeira dessas mulheres. A cineasta italiana conta nesse inesperado filme a história de um dândi, de caráter duvidoso, que relembra sua vida: suas sete irmãs feias, um assassinato, uma fuga da prisão, o alistamento no exército, a deserção e a captura pelos alemães, que finalmente o levam ao campo de concentração em que se encontra. O filme é engraçado, emocionante, criativo e melancólico, nos traz múltiplas emoções em pouco espaço de tempo, entretém e consegue a façanha rara de não ser desrespeitoso ao retratar o holocausto.


08. As Quatro Irmãs (My Brilliant Career, 1979), de Gillian Armstrong.

A australiana Gillian Armstrong é um importante nome na renovação do cinema de seu país, especializada em obras de época, produziu histórias fantásticas sempre do ponto de vista de personagens femininas. As Quatro Irmãs foi seu primeiro longa-metragem, adaptação do clássico romance “My Brilliant Career” escrito por Miles Franklin – uma das mais importantes escritoras da literatura australiana – que conta a história da emancipada Sybylla (a fantástica Judy Davis) que declara abertamente que não irá se casar e pretende ter uma carreira, o que acaba por atrair ainda mais pretendentes. Uma bonita história de independência, feminilidade e amor.


09. Yentl (Idem, 1983), de Barbra Streisand.

A grande diva Barbra Streisand escreveu, dirigiu, produziu e atuou em Yentl, esse musical impecável, com trilha sonora premiada de Michel Legrand. Apesar de não ter sido aclamado pela crítica, esse gigantesco esforço pessoal de uma só realizadora é impossível de ser ignorada e se tornou um clássico com o tempo. Yentl é uma garota judia do começo do século XX, que assume o nome do irmão e se passa por homem, a fim de estudar em uma Yeshivá (Instituições de estudos judaicos), algo não permitido para mulheres na época; lá conhece Avigdor, por quem se apaixona, e acaba por ficar noiva da jovem Hadass; isso acaba criando um subtexto homossexual, ao acompanhar o sentimento entre a protagonista e Avigdor – que pensa que ela é homem – e também ao implicar o relacionamento entre Hadass e Yentl, que apenas nós espectadores sabemos ser mulher. Apesar de simples, é um filme encantador, e “Papa, Can You Hear Me?” é uma canção inesquecível.


10. A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral.

A dificílima tarefa de adaptar uma obra de Clarice Lispector para o cinema foi realizada com sucesso pela cineasta paulista Suzana Amaral, em seu primeiro filme: A Hora da Estrela. A história tragicômica da ingênua nordestina Macabéa (interpretada no filme pela fantástica Marcélia Cartaxo), que trabalha como datilógrafa em São Paulo e tem um estranho namoro com Olímpico de Jesus, é por ora divertida e por ora entristecedora, sendo sempre levemente incômoda. Amaral já tinha 53 anos quando fez o longa, e até hoje, aos 85 anos, dirigiu apenas mais dois, porém a contribuição que seu A Hora da Estrela deu ao cinema nacional já a teria colocado na história do cinema brasileiro mesmo se ela nunca tivesse dirigido mais nada.

11. Salaam Bombay! (Idem, 1988), de Mira Nair.

Mira Nair é um grande nome do cinema indiano; professora, cineasta, documentarista e ativista social, foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por sua obra-prima Salaam Bombay!, uma das obras mais interessantes para compreender a cultura indiana. A experiência de Nair com documentários é muito influente em suas obras de ficção, onde trabalha com atores não profissionais e retrata suas narrativas com o olhar de um retrato documental, fazendo, então, de suas obras estudos sociais profundos. No filme acompanhamos o pequeno Krishna nas ruas de Mumbai, sua mãe o deixa em um circo e fala que ele só pode retornar para casa quando tiver juntado 500 rupias, o dinheiro necessário para consertar a bicicleta de seu irmão mais velho, que ele queimou por sofrer bullying do mesmo. Uma obra essencial para compreender a cultura indiana.

12. Filhas do Pó (Daughters of the Dust, 1991), de Julie Dash.

Julie Dash foi a primeira mulher negra a ter um filme distribuído nacionalmente nos EUA, e continua até hoje como um dos mais importantes nomes do cinema afro-americano. Filhas do Pó não é só um filme de importante temática feminina, é também uma obra essencial sobre questões raciais, ao retratar a realidade do povo Gullah, nas ilhas costeiras do estado da Carolina do Sul. Acompanhamos aqui – pelos olhos das mulheres da vila – as dificuldades desses moradores da Ilha Saint Helena, que logo se mudarão para o continente; é um filme único, culturalmente relevante e poético, um trabalho inigualável.


13. Orlando – A Mulher Imortal (Orlando, 1992), de Sally Potter.

“Orlando” é uma obra-prima de 1928, escrita por Virginia Woolf, uma das primeiras escritoras a teorizar o feminismo e autora de vários romances de extrema importância; “Orlando” foi revolucionário ao retratar um homem imortal que, um dia, acorda tendo se tornado mulher, enfrentando então todas as dificuldades que ele mesmo havia sobreposto as mulheres na sua vida. A adaptação da britânica Sally Potter, Orlando – A Mulher Imortal é um dos mais claros discursos feministas dentro do cinema contemporâneo. Tilda Swinton utiliza sua androginia ao máximo, interpretando as mudanças e revelações de Orlando através do tempo e através dos sexos. Filme detalhadamente construído, direção de arte primorosa que retrata os vários momentos históricos pelos quais a personagem passa, é bonito, filosófico e importante.


14. O Piano (The Piano, 1993), de Jane Campion.

Jane Campion foi a segunda mulher a ser indicada ao Oscar de Melhor Direção, e ganhou o prêmio pelo roteiro original pelo seu grande sucesso O Piano; Campion é um dos grandes nomes do cinema australiano contemporâneo, responsável por belos filmes, em diversos gêneros, é capaz de produzir narrativas encantadoras e envolventes, todos com fortes personagens femininas protagonizando. Holly Hunter interpreta aqui uma pianista muda, que, junto com sua pequena filha (Anna Paquin), muda-se para a Nova Zelândia por um casamento arranjado, levando consigo apenas seu precioso piano; seu casamento é infeliz e ela acaba se apaixonando por um trabalhador da plantação. O Piano é um filme denso, por vezes doloroso, mas é emocionante e inspirador, além de cheio de interpretações fantásticas e um roteiro minimalista que diz muito sem precisar de muitas palavras.


15. Estranhos Prazeres (Strange Days, 1995), de Kathryn Bigelow.

Atualmente Kathryn Bigelow é conhecida como a primeira mulher a ganhar um Oscar de Melhor Direção, diretora de filmes densos de guerra ou temáticas sociais difíceis, mas nos anos 1980 e 1990, Bigelow era uma das cineastas mais interessantes dentro do universo mainstream de filmes de ação, aventura e mistério, como o magnífico e pouco conhecido filme de vampiros Quando Chega a Escuridão, e o gigantesco sucesso Caçadores de Emoção. Já Estranhos Prazeres – roteirizado por James Cameron, então marido de Kathryn – foi um enorme fiasco ao ser lançado, arrecadando pouquíssimo dinheiro na bilheteria, além de não encantar a crítica; porém esse filme de Bigelow é uma pequena obra-prima ainda esperando para ser redescoberta, misturando crime (é quase um filme noir) com elementos de ficção científica. Passado nos últimos dias do ano de 1999, um ex-policial (Ralph Fiennes) – agora criminoso – acaba descobrindo uma grande conspiração; cheio de temas polêmicos como racismo, estupro e voyeurismo, é uma obra fantástica.

16. Bom Trabalho (Beau Traveil, 1999), de Claire Denis.

Bom Trabalho, levemente inspirado na novela “Billy Budd”, de Melville, é um filme de visão única. Claire Denis, cineasta francesa autoral inigualável, constrói – através de uma direção de perspectiva feminina – uma produção protagonizada inteiramente por homens, criando assim uma visão de masculinidade que difere profundamente da que nos é sempre apresentada pelo cinema mainstream. Denis retrata os soldados da Legião Estrangeira Francesa como parte do ambiente, que se torna por si só um personagem, e usa o físico e a beleza masculina como elementos essenciais da narrativa, que segue as memórias Chefe Adjunto Galoup, que em alguns momentos parece demonstrar sentimentos homossexuais reprimidos, principalmente pelo soldado Gilles Sentain, que é belo e carismático. Obra-prima do cinema francês contemporâneo, essencial para qualquer amante do cinema.


17. Ratcatcher (Idem, 1999), de Lynne Ramsey.

Um exercício de realismo cru, Ratcatcher é um pequeno filme britânico extremamente frio, dolorido e melancólico. Lynne Ramsey, constrói seu filme de forma profundamente naturalista, retratando os tempos difíceis da cidade de Glasgow no início dos anos 1970, acompanhamos o jovem James, de 12 anos, que vive com sua família em um ambiente muito pobre, muito sujo, onde há difícil acesso às necessidades básicas e educação; o menino vive uma perda de inocência causada pelo cotidiano aterrador que presencia, ele está solto naquelas ruas presenciando a realidade perversa. O filme é triste, porém construído sobre um roteiro que observa o mundo com uma incomum poesia esgotada, abatida.


18. O Pântano (La Ciénaga, 2001), de Lucrecia Martel.

Lucrecia Martel é atualmente a mais influente diretora de cinema argentina, sua obra é admirada internacionalmente e inspira muitos cineastas contemporâneos, especialmente no Brasil e na América Latina. O Pântano, seu filme mais conhecido, conta a história de uma grande família que passa o verão reunidos em uma casa no interior, lidando com os mais cotiados problemas familiares; o fantástico na obra de Martel é a ambientação criada ao agregar imagens e sons: sentimos muito calor acompanhando os dias quentes e claros retratados, e os ruídos constantes entram na cabeça do espectador, causando nele o incômodo que os personagens vivem. É um importante filme latino-americano, uma obra autoral que apenas Lucrecia Martel seria capaz de produzir.


19. Às Cinco da Tarde (Panj é asr/ At Five in the Afternoon, 2003), de Samira Makhmalbaf.

A família Makhmalbaf é responsável por alguns dos maiores sucessos do cinema iraniano, o patriarca Mohsen Makhmalbaf talvez seja o mais popular cineasta dentro de seu país, mas o talento de sua filha Samira é independente e poderoso. Às Cinco da Tarde conta a história de uma jovem que luta para conseguir uma educação, pouco depois da queda do regime Talibã no Afeganistão; um tema de grande importância para a época, já que as mulheres são impedidas de estudar em muitos dos regimes ditatoriais islâmicos, dando ao filme um teor feminista muito forte. Samira teve muitas dificuldades com a produção do filme, como conseguir a participação de atores afegãos, e passou por processos jurídicos pela temática “polêmica”.


20. Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003), de Sofia Coppola.

Filha do maior nome da Nova Hollywood – o grande Francis Ford Coppola – Sofia Coppola criou um tom único e autoral para suas próprias obras; diferindo profundamente do trabalho de seu pai, tornou-se a voz do desencanto no cinema contemporâneo, produzindo filmes protagonizados por mulheres jovens, muitas vezes em conflito consigo mesmas, presas em relacionamentos ou situações com as quais não se identificam verdadeiramente, desses filmes, sua obra-prima é o encantador Encontros e Desencontros. A história nos mostra o ocasional encontro de Bob Harris – um ator famoso, mas decadente – e Charlotte – a jovem esposa de um fotografo de sucesso – em Tóquio, apesar de suas muitas diferenças, os dois criam uma ligação profunda e incomum, desiludidos e sem rumo desenvolvem um amor que foge completamente do romântico ou sexual; é uma rara história de amizade pura, filmada com uma poesia delicada típica da lírica japonesa, mas com a melancolia comum dos estrangeiros perdidos.


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